Pesquisar este blog

terça-feira, 28 de março de 2023

Presente das águas

Eu sempre respeitei a água, entro no mar, oro, grito e afogo tudo o que me sufoca; saio vivo, pleno, tão calmo quanto a maré. Em dias de ressaca, nado como se minha vida estivesse em risco, e muitas vezes está! Tiveram vezes de um peixe me fazer companhia por um bom tempo, tiveram outras que águas-vivas me fizeram nadar até o seco. Eu sempre, SEMPRE respeitei o mar, até em dias tristes, daqueles que a gente fecha os olhos e se deixa levar, pedindo ajuda pros deuses molhados. A água é o elemento da segurança, até uns dias atrás comentei dessa forte relação que tenho com a água, sempre achei que ela me puxava, como se eu pertencesse ali, achei que meu fim, seria como no começo, dentro de água. Sou capaz de passar horas contemplando a densidade do rio, a fúria da correnteza, e me sentir invadido pela umidade. Na piscina eu nado, sentindo meu coração bater descompassado e nado ainda mais pra chegar até o outro lado, quando chego, cansado, mergulho pra aliviar, respeito a água e seu poder de cura, respeito a água e todo o acalento que me dá respeito os deuses que fazem dela sua morada e nela ganham poderes. Mas de todas as coisas que não poderia imaginar, é que da forma mais inusitada, a água ia me presentar com um romance, desses de pegar na mão, ficar nervoso e perguntar as horas, só pra ouvir a voz de alguém, eu que tinha como meta entrar na água e nadar, passei o ultimos dias mergulhando pra te ver, e o assunto foi fluindo igual cachoeira que começa empoçando pra desaguar na quedas de um penhasco de vontade de ficar, dava pra perceber que a gente não queria parar, nos ultimos dias a água que era meu acalento, virou desculpa pra te ver. Sair da água e mergulhar no teu sorriso me sentindo a vontade pra ficar, e mesmo cansado de tantas vezes secar, entender que eu poderia estar ali, te ouvindo com tua voz de onda, daquelas que vem bem de dentro do pulmão, e que enche o ouvido de conforto, sentir você dormir relaxado nos meus braços e me fazer entender que eu posso ser o acalento que a água me dá, a tarde inteira como chuva, ora sereno onde meu abraço te conserta ou ora tempestade, onde se vai do poema ao gozo. Eu não sei o que vai ser daqui pra frente, e nem sei se como água, vamos passar ou vamos encontrar parede de açude que nos barre pro repouso, mas nesse momento, eu sei que você foi o presente mais lindo que a água me deu.

Nenhum comentário:

Presente das águas